terça-feira, 31 de maio de 2011

Civismo canino…

Certo dia, assisti incredulamente a coisa tão bizarra, que tenho extrema dificuldade em encontrar uma foto que expresse de forma fiel tal acontecimento.   Ia eu conduzindo alegremente pena N125, quando a determinado momento e sem nada que o previsse, o trânsito pára bruscamente junto a uma passadeira. Ora, isto nada teria de estranho se conseguisse deslumbrar algum corajoso peão a atravessar a estrada, coisa que não aconteceu. Em vez disso, vejo subir o passeio, de rabo a abanar, um inteligente e respeitador cão, que com muito mais civismo que qualquer comum mortal humano, aguardou pacientemente junto à estrada que qualquer condutor, distraidamente interrompesse a sua marcha para depois tal criatura desfilar elegantemente perante o olhar incrédulo de todos. 
Isto, só mesmo em Olhão!

domingo, 29 de maio de 2011

Porque o amor existe

-“Se vires um homem a abrir a porta do carro a uma mulher… das duas uma… ou é a amante ou namoram há pouco tempo”
-Esta expressão deveria caracterizar fielmente o comum das relações e o resultado da rotina entre os casais que partilham a vida com alguém e o sentimento de monotonia que advém desse relacionamento. 
-Sem que nos apercebamos, e sem que o barómetro do amor oscile expressivamente, temos a sensação de monotonia nas nossas relações, no entanto eu acho que não se trata disso, pois sem que tenhamos plena consciência desse facto, é sim, um pleno estado de estabilidade e segurança emocional, de firmeza e equilíbrio nas nossas relações.
-Normalmente só temos noção do verdadeiro sentimento pela nossa cara metade, em momentos de ausência prolongada, na doença, quando por um motivo qualquer nos sentimos mais frágeis emocionalmente ou durante a cicatrização de uma discussão mais acesa.
-Não há muito tempo durante uma viagem de autocarro e enquanto lia um livro, notei que nos bancos da frente viajavam um casal de idosos que me fizeram pensar neste tema das monotonias, dos acomodamentos, ou da falta de chama numa relação, pois, estes senhores deveriam partilhar a cama há bem mais de meio século, com as consequências inerentes a essa mesmice diária, quando, a determinado momento eu me apercebo que entre eles existia um par de mãos dadas, que se acariciavam carinhosamente, mas de forma discreta ou quase secreta. Que num instante em o sol incidia directamente sobre a cabeça da senhora, o seu companheiro delicadamente tocou-lhe na fronte, sugerindo-lhe que trocassem de lugar, para que ela tomasse o lugar mais cómodo e ele apanhasse com o sol por ela.
-Se isto não é o Verdadeiro Amor, expliquem-me o que é!

domingo, 22 de maio de 2011

Os sapos da vida!


 E se começarmos a vida ao contrário? E se por uma razão qualquer descobrirmos que não temos que namorar, amar alguém e depois casar? Antigamente os casamentos eram “arranjos”, as famílias combinavam entre si, por vezes as crianças ainda não tinham nascido, arranjava-se o compromisso, entregavam-se dotes e estava a andar. Casavam-se, habituavam-se à ideia que teriam que ser um para o outro. Corria mal? Devia correr, claro que devia correr mas… maldita a hora em que resolveram inventar o príncipe encantado! Toda a gente quer um! Namoramos e habituamo-nos a vê-lo como príncipe, ninguém nos obriga a nada e achamos que sem ele não somos nada! Ele começa a falhar, porque ele tem defeitos tal como todos nós, e nós sofremos, acabamos por desistir. Achamos que temos direito à felicidade e argumentamos com a relação. Decidimos que aquele não é o nosso príncipe, que ele mudou, que o casamento mostrou o verdadeiro ele. Corre mal? Claro que corre mal, estamos cegas! Devemos ser mais fiéis àquilo que queremos como objectivos na vida, não ter medo de ficar “pra tia”, de abraçar uma carreira e casar com ela. Devíamos não ter medo de começar o casamento pelo casamento. E se de repente aquele estranho nos começa a fazer diferença, se soubermos exactamente aquilo que ele é, todos os defeitos? E se de repente os olhos deixarem de estar enevoados pela desilusão, se deixarmos de esperar o príncipe, se olharmos para ele e sentirmos que o aceitamos assim, com tudo o que está incluído, sem aspirações a príncipe? E se tivermos a oportunidade de sentir que sorrimos porque respiramos ao lado de quem vale a pena? E se tivermos a oportunidade de sabermos precisamente que devemos começar o casamento pelo casamento sem namoro prévio? E se tivermos a oportunidade de aprender a amar sem qualquer expectativa? Correrá mal? Poderá sempre correr. Mas estaremos sempre conscientes, sobretudo dos defeitos, e as possibilidades de tal acontecer são limitadas. Casaremos assim com o sapo e este tornar-se-á príncipe por ter conquistado o lugar junto do nosso respeito e depois junto do nosso coração. Gostaria de poder dizer que não esperei o príncipe tanto quanto gostaria de dizer que ele existe à primeira vista! Há, no entanto, imensos sapos por aí…

(Celeste Silva)

sábado, 14 de maio de 2011

A verdade da mentira!

Sempre achei que o sinónimo de “politicamente correcto” fosse algo que por omissão ou pelo uso de outras expressões menos acutilantes, servisse para responder ou contentar uma qualquer questão, sem que com isso ser ferisse ou ofendesse quem quer que fosse, mas que as palavras utilizadas não fossem mais que verdades, mas de forma pouco ofensiva.

Hoje o “correcto” de político nada tem a ver com aquilo que eu sempre pensei ser. Hoje o “politico” não tem nada de correcto, o que hoje podemos assistir diariamente, são unicamente roles de mentiras fiadas, sem qualquer ponta de escrúpulo ou respeito pelos outros.
Aquilo que hoje se jura a pés juntos, revela-se amanhã como uma grandiosa mentira, muitas vezes ouvida da mesma boca, como se aquilo que anteriormente foi dito correspondesse agora a uma enorme monstruosidade alguma vez proferida.
E assim vai este país de mentiras, gerido por senhores ‘inverdadeiros’ , a quem alguém deu os dons de mandar e o da palavra, e que para seu próprio gáudio, jocosamente brincam e gozam quem os engorda.
Só por curiosidade, procurem no “Google” por “político honesto” e vejam o resultado.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Amanhã há teste?


Há menos de meia hora e quando vinha de comboio para casa, não pude deixar de ouvir uma conversa entre umas miúdas que viajavam num banco ao meu lado e que espelha nitidamente a mentalidade da maioria da nossa juvenil sociedade.
Enquanto uma comentava que amanhã pela manhã teria um teste de Geografia, outra disse que por esse facto, hoje não faria mais nada senão continuar a estudar e preparar-se para a prova.
No entanto, uma terceira que com elas viajava, com uma postura mais desenvolta, questionou se efectivamente haveria prova e sem qualquer problema afirmou, que não lhe faltaria mais nada que estudar para os testes, pois só o facto de fazer cábulas para convenientemente copiar durante a prova, já seria demasiado trabalhoso e que estudar lhe despenderia muito do seu valioso tempo para fazer outras coisas muito mais interessantes.
“À rasca”? À rasca fico eu quando não consigo impedir-me de ouvir tanta asneira.