domingo, 22 de maio de 2011

Os sapos da vida!


 E se começarmos a vida ao contrário? E se por uma razão qualquer descobrirmos que não temos que namorar, amar alguém e depois casar? Antigamente os casamentos eram “arranjos”, as famílias combinavam entre si, por vezes as crianças ainda não tinham nascido, arranjava-se o compromisso, entregavam-se dotes e estava a andar. Casavam-se, habituavam-se à ideia que teriam que ser um para o outro. Corria mal? Devia correr, claro que devia correr mas… maldita a hora em que resolveram inventar o príncipe encantado! Toda a gente quer um! Namoramos e habituamo-nos a vê-lo como príncipe, ninguém nos obriga a nada e achamos que sem ele não somos nada! Ele começa a falhar, porque ele tem defeitos tal como todos nós, e nós sofremos, acabamos por desistir. Achamos que temos direito à felicidade e argumentamos com a relação. Decidimos que aquele não é o nosso príncipe, que ele mudou, que o casamento mostrou o verdadeiro ele. Corre mal? Claro que corre mal, estamos cegas! Devemos ser mais fiéis àquilo que queremos como objectivos na vida, não ter medo de ficar “pra tia”, de abraçar uma carreira e casar com ela. Devíamos não ter medo de começar o casamento pelo casamento. E se de repente aquele estranho nos começa a fazer diferença, se soubermos exactamente aquilo que ele é, todos os defeitos? E se de repente os olhos deixarem de estar enevoados pela desilusão, se deixarmos de esperar o príncipe, se olharmos para ele e sentirmos que o aceitamos assim, com tudo o que está incluído, sem aspirações a príncipe? E se tivermos a oportunidade de sentir que sorrimos porque respiramos ao lado de quem vale a pena? E se tivermos a oportunidade de sabermos precisamente que devemos começar o casamento pelo casamento sem namoro prévio? E se tivermos a oportunidade de aprender a amar sem qualquer expectativa? Correrá mal? Poderá sempre correr. Mas estaremos sempre conscientes, sobretudo dos defeitos, e as possibilidades de tal acontecer são limitadas. Casaremos assim com o sapo e este tornar-se-á príncipe por ter conquistado o lugar junto do nosso respeito e depois junto do nosso coração. Gostaria de poder dizer que não esperei o príncipe tanto quanto gostaria de dizer que ele existe à primeira vista! Há, no entanto, imensos sapos por aí…

(Celeste Silva)

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