domingo, 30 de outubro de 2011

Companheira de sonhos em viagens reais e imaginárias, por milhares de quilómetros de automóvel, comboio, autocarro, avião e bicicleta até. Nunca me deixando mal, lembrando-me sempre o enfiamento das minhas aventuras. Comigo percorreste inúmeras histórias e personagens, países, mares e continentes, viagens ao espaço, ilusões e incursões por terras de ninguém. Apontaste-me lembranças e passagens inesquecíveis, momentos da vida de alguém, linhas efusivas de muitos escritores que guardo na lembrança.

Não passas de um pequeno objecto, mas que muito estimo.
És a minha companhia literária.

sábado, 29 de outubro de 2011

O Anjo Branco

“Há certas coisas na vida que, apesar de existirem, não é possível enclausurar ou exprimir em palavras. São se quiseres, propriedades intuitivas. Existem, apesar de não podermos descrevê-las com rigor. A sua definição exacta escapa-se-nos e, quando tentamos formulá-la, nunca é pela positiva, mas pela negativa.”
José Rodrigues dos Santos in (O anjo branco)

  E assim cheguei ao fim de mais um livro do José Rodrigues dos Santos. Mais uma vez fiquei extasiado com a forma de escrever deste senhor que tem a capacidade de arrebatar sentimentos que julgamos estarem extintos, ultrapassados ou impossíveis de sentir pela leitura.
Este livro tem a capacidade simultânea de nos fazer rir e chorar, misturando episódios hilariantes de amor, ódio, guerra, sexo e relações interpessoais e familiares.
Incide maioritariamente sobre um período temporal negro ou algo obscuro da nossa história, sobre o qual sempre senti uma sensação de reserva ou salvaguarda no relato dos acontecimentos e que aqui nos é mostrado também pelo lado oposto, pelo lado “negro” moçambicano durante a guerra colonial, nomeadamente as acções das tropas da “metrópole” envolvidas no terreno e das guerrilheiras “turras” locais, as acções da PIDE ou DGS no palco de guerra, e, “aquilo” que ainda hoje os veteranos de guerra acautelam em segredo.
É um livro “maningue nice” ficando eu a aguardar ansiosamente lá em casa pela próxima publicação deste nosso grande escritor.

sábado, 1 de outubro de 2011

“Há sempre alguém que nos ama”

Tive curiosidade em ver quais os meus posts mais visitados aqui no Hydra, quando, sem grande admiração verifiquei que estes são exactamente os “A vida é uma “Couve”” e “A vida são dois dias”, depois pensei na razão desse facto, julgando inicialmente ser devido à minha maneira de escrever ou eventual inspiração pessoal no momento em que o fiz, mas não…
            Constatei então que ambos falam de um bem precioso, bem esse que não é nada mais que o curto período de vida terrena de que dispomos. Que tocam num assunto melindroso, daquilo que fazemos na nossa vida e com ela, dos nossos erros, das nossas decisões, das nossas culpas e das que imputamos diariamente aos outros, e, daquilo que colhemos do que plantamos, atestando que de boas sementeiras colhemos bons frutos e que do mal que possamos fazer nada de produtivo resultará.
            Hoje, disse o último “adeus” a um amigo, uma pessoa querida por todos os que o rodeavam, e à maneira de cada um, todos sofreram a sua partida, à maneira de cada um, todos pararam para pensar na vida, na insignificância que somos e ao mesmo tempo na importância que podemos ter para algumas pessoas que nos rodeiam e fazem parte da nossa vida, da nossa pequena redoma.
            Hoje, parei para pensar que vivemos desatentos da vida, que não vemos a essência dela, que vivemos de olhos fechados, que por vezes é preciso uma bofetada para os abrir, mas mesmo abertos nunca ficam nesse estado por um tempo suficientemente longo para enxergar a luz que nos é diariamente oferecida e que simplesmente não desfrutamos, que não chega para ver o essencial da nossa existência.
            “Há sempre alguém que nos ama”, que nos quer por cá e por perto, e, nunca desistir é mote da nossa existência, há que colher cada couve no seu tempo, há que desfrutar cada gosto e paladar oferecido, mesmo que seja azeda, pois com isso só aprendemos no futuro a escolher as mais saborosas.
            Afinal, a vida não são mais que dois dias mas chegará certamente para ver crescer e degustar uma bela, gostosa e nutritiva couve!
            Como alguém dizia incessantemente “…sejam felizes e façam alguém feliz…”.